Voltar à terra

“Acudam ao lume!!!”

- Agosto 12, 2015 -

Neste Verão, os incêndios voltaram a assombrar as florestas do nosso país. Toca-me sempre, mas quando mais uma vez afecta a terra da minha avó, que fica no concelho de Oleiros, Beira Baixa, toca-me ainda mais. Porque cresci ao lado daquelas árvores e daqueles animais. Desde pequena que me recordo deste flagelo: “Acudam ao lume!!!” Esta era a frase mais gritada, de dia e de noite, até o fogo desaparecer. Lembro-me das labaredas no fundo da serra, a querer subir até à casa e às hortas da minha avó. Da coragem das pessoas da aldeia e da família, que apesar do perigo, não abandonavam o local. Nessa altura, eram em maior número e ajudavam os bombeiros, acartando com baldes de água para salvar as suas casas e propriedades.  O meu avô, para além de agricultor e festeiro, era também resineiro e os pinheiros faziam parte do sustento da família.

Em 2003, um grande incêndio queimou tudo à volta da casa da minha avó. Salvaram-se só as hortas e a casa propriamente dita. Mas as árvores, o mato e restante ecossistema desapareceu. O silêncio alastrou pelo local. Não consigo definir o que o meu coração sentiu ao ver aquela desolação. É uma grande perda para o pulmão do nosso país, do nosso planeta.

O que fazer contra isto?  Apagar os fogos? Temos de pensar na prevenção, na proteção dos espaços verdes, com cuidado e atenção. Nem falo do fogo posto, esse crime horrível. Mas de actos que podemos controlar como, por exemplo, não deixar vidros e plásticos (materiais insufláveis) no meio do mato. Ou beatas de cigarros mal apagadas, ou atiradas sem consciência para a estrada, ao volante de um carro. Não fumo, nem compreendo quem é capaz de o fazer, mas sei que acontece.

Este mês de Agosto de 2015, a terra a que chamo de “meu tesouro” voltou a arder. Tem agora menos verde. E vão demorar pelo menos uns 12 anos a recuperá-lo. Salvaram-se, uma vez mais, a casa da minha avó e outras. Também algumas hortas próximas das habitações. Mas, acreditem, estamos todos mais pobres. 

Categoria: Nas Hortas

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