- Maio 7, 2015 -
A terra da minha avó é o meu tesouro. É onde passo férias desde os meus quatro anos de idade. Agora, vou lá menos. Mas pedi à minha tia Adélia, irmã da minha mãe, para me ensinar a guardar ovelhas. Já não o fazia desde os meus cinco ou seis anos de idade, quando ia guardar cabras com a minha tia Carmo, a mais nova dos irmãos da minha mãe e que tem apenas mais dois anos do que eu. O cenário é idílico: os carneiros mamam enquanto as ovelhas caminham. É um leitinho a saber a erva fresca. Deve ser saboroso, porque os bebés “atacam” as mães, que tentam escapar para continuarem as suas duas horas de refeição no campo. O carneiro é o único que fica no curral. Não pode sair, para não fazer mais filhos.
A minha tia prepara-nos o farnel com maçãs apanhadas das suas árvores e água da fonte. Ela leva um saco com o tricot. No meu, levo o meu bloco de bloguer e o ifone, para tirar estas fotos que vos mostro. Procuramos a sombra das oliveiras e sentamo-nos, enquanto as ovelhas pastam.
A tia fala com as ovelhas: ”Vai para baixo, Espanhola” ; “Ora vem para cima, se queres ver”. A ovelha Linda é a única que não vai ser vendida, foi criada por ela. Queixa-se da vida difícil de agricultora, que é cansativa e não traz grandes recompensas. Digo-lhe que está longe do stress da cidade. De repente, ela levanta-se com um “Roooch! Chocha! Tendes fomes, meninas?” E “as meninas” respondem com o seu nervoso “Méeee”.
Percebo que o stress da tia Adélia é outro. Pergunto-lhe o que faz com a lã de 21 ovelhas e 15 cordeiros. Diz-me que vende: 20 a 30 cêntimos o quilo. Acho barato. Revida: quem ganha nunca são os agricultores. E os cabritos e as ovelhas são grande parte do seu sustento. Depois de meter os animais no curral, ainda tem tempo para me falar da importância do estrume que as ovelhas produzem para a agricultura. Nada se desperdiça.
Enquanto carrega com uma saca cheia de erva para o carneiro que não pode sair para o pasto, a minha tia, que adora cantar, desenrola uma lenga-lenga: “Minha cantarinha de Tondela, muita serventia me tem ela, vou para a venda levo leite, venho da venda trago azeite, de dia vou à água com ela e de noite mijo e cago para ela, minha cantarinha de Tondela muita serventia me tem ela”.
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Categoria: Rotas Bio/ Lazer Amigo do Ambiente
Olá.
Adorei este post. Vivo numa aldeia onde a maior parte das pessoas daqui vivem dos afazeres do campo. Já quase ninguém, por aqui vive,económicamente, do que os animais possam render (tais como o leite, a lã). E além de haver menos gente a povoar o local e, haver menos animais (ovelhas, vacas, cabras, cabritos, porcos, etc); acreditem que é muito bom sair do meu local de trabalho (que nada tem haver com agricultura) e ainda fica longe, chegar a casa…..que fica numa aldeia, rodeada de animais domésticos e selvagens, rodeada de monte, e o único barulho que ouvimos é mm os donos a chamarem pelas ovelhas, ou o berrar delas.