O nome “Voltar à Terra” não apareceu de imediato. O que apareceram foram as gentes ligadas à natureza, à agricultura biológica, sem uso de produtos químicos. Pessoas a pensar num presente sustentável e que faça sentido. Coerentes com as canções que são ensinadas agora na escola às crianças e cujas letras dizem que é preciso salvar o mundo. Os recursos do planeta são limitados, há transformações diárias. Os ecologistas desde o início do século XX que falam sobre isto. E há movimentos, há pessoas que se apoiam, que partilham ideias, que se movem em casa, no seu bairro, na sua terra.
Os meus avós eram agricultores. Desde os quatro anos de idade que estar perto da natureza, para mim, era como ter um tesouro, Sentia-me privilegiada por poder viver no meio da floresta. O medo das trovoadas, as rezas da minha avó, brincar com as pedras, ir com as minhas tias muito cedo levar a merenda ao meu avô que, no cimo da serra, tirava resina dos pinheiros…Dormir sestas debaixo das árvores, arranhar as pernas com silvas no meio das amoras, apanhar batatas e pisar as uvas na adega, entrar para dentro da pipa.
O sabor das batatas cozidas, esmagadas com tomate e azeite sempre me ficaram na memória, como um sabor único, natural. Um sabor que agora tento recuperar nestas conversas com agricultores com as mesmas preocupações e ligação à terra que conheci nos meus avós. Eles tinham animais que cresciam em liberdade. E abelhas. O meu avô também se dedicava à apicultura. Poucos sabem da importância que as abelhas têm no nosso ecossistema! Volto a ouvir isto da boca de uma bióloga que se torna uma amiga. E, de repente, tudo faz sentido. É preciso voltar às árvores, à criação de animais ao ar livre, voltar a aproveitar recursos naturais e nacionais.
Um acidente fez com que a minha avó deixasse a sua “Horta Velha” e fez com que eu voltasse à terra dela. “Ir à terra da avó” sempre fez parte da minha vida, “Quando é que vamos à terra da avó?”. Todos os anos a ida à terra incluía festas da aldeia, cantigas e histórias à lareira, carne com um sabor único e os ovos amarelos como nunca vi. Ir à terra da avó, para além de engordar, significava voltar com o coração cheio de paz e energia. Não é por acaso que muitas das pessoas com quem tenho falado, e a quem chamo de meus parceiros nesta aventura do blog, me dizem que o contacto com a terra é terapêutico. A agricultura é um trabalho duro e difícil, mas visto como uma missão e forma de vida. De volta à terra, tenho o cheiro a eucalipto no carro e os legumes frescos, com uma intensidade que desejo voltar a ter na minha vida. Voltei à terra há uns meses, para ir buscar a minha avó que está agora a viver com a minha mãe, e aproveitei para guardar ovelhas. Podem aproveitar para ler o post que também já está online.
Em 2011 fiz uma personagem numa novela que tinha cancro, um flagelo que não tinha noção que afectava tantas pessoas a meu redor. Foi uma performance intensa, que mudou a minha vida, pelos testemunhos que me ofereceram, por aquilo que li. E então comecei aos poucos a introduzir produtos de alimentação biológica, a fazer limpezas ecológicas (não há quimicos cá em casa). A comprar produtos também para o corpo e rosto para mim e meu marido. Não sou fundamentalista ainda como carnes brancas e peixe. Faço reciclagem e estou nesta pesquisa convosco A partilhar o que vou descobrindo neste sentido. E claro vou partilhar também os meus trabalhos como atriz e as preocupações com a imagem que a minha profissão exige. Espero que se divirtam como eu. Bem vindos a esta viagem. Vamos juntos voltar à Terra?
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